29.11.05

Arte

No museu, todos bebendo, felizes, observando as telas. Dentre elas, uma toda amarela. Todos ricos, felizes, sorrindo para as telas. E lá estava ela, uma todinha amarela. Todos parabenizavam o artista, que sorria, orgulhoso de sua tela. A amarela. Mariano, o guarda do Museu, observava. Em seguida, punha as mãos na cabeça, chorava e indagava: porque eu não fiz isso antes??

28.11.05

Cry baby

Um choro intenso invadiu seu rosto como uma enorme onda de água salgada. Um fenômeno da natureza, um banho de lágrimas. As pessoas, querendo ajudar, perguntavam: o que aconteceu?. “O que aconteceu”. Por que desejavam saber? Por que lhe desejavam reviver algo tão terrível? E que benefício lhe traria detalhar o acontecimento mais uma vez não fosse satisfazer a curiosidade alheia? De repente, viu-se enlaçada por um braço, continuação de uma mão que secava suas lágrimas. Um ser, humano. Bebeu daquela água até a fonte secar. Um abraço, mãos dadas, palavras. Soube, calado, o motivo da dor. Doou para a menina, no ato, a alegria do amor.

24.11.05

Tá chegando!

15.11.05

Esperando o rango

14.11.05

Fool moon

A lua, da forma como a vemos a noite, é na verdade uma ilusão de ótica. É sério. Já tentou fotografar a lua? Me ensinaram que é uma questão de referencial. Ou será de retina? Não importa. O que me fascina é o fato da natureza pregar essa peça na gente. Será que, ao olhar uma lua pequenina, você ainda assim suspiraria por aquela menina?

11.11.05

O último dia

Ela atravessa um lençol branco e molhado no varal como se fosse vento. Em seguida pisa na grama, enche a boca de amoras. Dá uma gargalhada roxa. Sente um vento frio, senta no sol, deita-se, espreguiça, dorme. Sorrindo. Ele chega, divertido, e segura sua mão. Começam a flutuar, juntos. Vêem seus quintais de longe e outros quintais de outras casas com várias crianças, vários casais. Do alto, enxergam somente quintais. Voam lentamente. Billie Holiday canta deitada em uma nuvem. Começam a dançar. Ela sobe no pé dele, encosta-se em seu ombro. E assim seguem, voando e dançando sempre, aterrisando nunca.
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8.11.05

Viagem do tempo

No ônibus, a janela é sempre dela. Viajam revezando abraços, risadas, conversas e mãos dadas. Enrugadas. Olham para mim com saudades de um tempo que já passou. Devolvo o olhar sorrindo, curiosa para saber o que ainda será vivido. A cada parada em sua jornada, um carinho. Ele se apóia no ombro dela, como já o fez em tantos momentos. Observo, indiscreta. Desço do ônibus, ansiosa para viver. Eles olham um para o outro e cada um para si. Sorriem da minha ansiedade. Tranqüilos, seguem viagem. Viajam pelo tempo e desejam-me, secretamente, um amor que não tenha idade.