8.8.05

Azul

Assistiu a terra assim, fora dela. De uma tonalidade azul que jamais havia existido em qualquer paleta do planeta. Planeta que ele agora observava estupefato e com os dedos da mão esticados de encanto. O queixo ligeiramente caído provava que não há situação que possa ser vivida que faça com que a boca de um ser humano se abra mais do que dois centímetros. Os olhos, negros, se disfarçaram de espelho e refletiram aquele azul magnífico. Sabia que em algum momento iria lá fora. Um lá de uma magnitude que evocava Deus. Era o único capaz de consertar a nave. Sabia também que a chefe da equipe tinha dois filhos e que um outro passageiro estava prestes a se casar. Sabia de tudo isso e mal podia esperar o momento de chegar lá fora, atingir aquela imensidão negra, se desconectar da nave e se perder no azul. Sua paixão compensaria toda a dor. E a sua nova vida seria essa: flutuar em direção da terra e por fim, morrer de amor.

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Poesia em forma de ser humano. Poetisa viva encantando. Flutuar pelo azul e por seu âmago e lirismo, mergulhar em seu amor como em profundo abismo...
Um admirador.

3:28 PM  
Anonymous Anônimo said...

Eu assino, mas sou admiradora tambem. :)

12:30 AM  
Anonymous Anônimo said...

Muito bom, Luiza.
Cool deep blues.
E tua foto de Barra Grande me foi bem nostálgica, pois eu estava naquele mesmo lugar meses atrás.
Tomara que essas lindezas (bom que tu gostou da minha volta às aulas) azuis sempre venham nos chamar.
"Escrever é sempre voltar à infância".

11:01 PM  

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