22.6.05

Roubado

Não resisto. Aí vai um texto do meu escritor favorito:

Pedro Rahal

Foi num final de tarde especial que conheci o rio da Praia de Jeribucaçu/ Itacaré.Rio de ritmo tranquilo, pacífico. Harmonia e compasso com o palpitar do tempo e a respiração do mundo.

Sou fácil, não me envergonho. Entrego-me com facilidade à beleza de um lugar, mas entendo que nem mesmo um desalmado resistiria àquele apaixonante espetáculo. O sol coloria o rio de uma maravilhosa tonalidade cuja existência e beleza é reservada ao entardecer. O vento não se sentia, embora sua presença fosse nítida - talvez contemplasse silenciosamente o todo, ou então, hipótese talvez mais provável, somente intrigava-se diante da encantadora nitidez dos contornos que sua ausência conferia aos reflexos apaixonantemente pintados nas águas. A lua já despontara no céu e também se fazia presente no generoso rio.

Mas quando contemplar é insuficiente, pouco resta a não ser a verdadeira entrega aos impulsos. Afoito, mergulhei-me no silêncio de um mergulho, desferi longas e lentas braçadas e, por fim, bebi com voracidade daquelas águas de cor ferruginosa e sabor de vida. Olhei demoradamente para o céu. Tornei a olhar para as águas, mas já não eram as mesmas. Nem eu o era...

Os reflexos pertenciam agora ao tempo e decerto voltariam, mas por ora não estavam lá. Por entre as revoltas águas, suas entranhas - meus pés, paus, peixes e pedras. Pedro... De meus olhos, água salgada. Da alma, a bonita alegria de compreender e viver a sutil diferença que há entre sentir a natureza e sentir-se natureza...

2 Comments:

Blogger Lucinha Horta said...

Que dupla vcs fazem heim!!!!

11:24 PM  
Blogger Andrea Rodrigues said...

olaaaa queridaaa
adoro tb o charme das suas fotitas! beijoooo

9:16 AM  

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