30.6.05

Corpos no escuro

Vai tempo! transforme-se logo do dia para a noite
Porque a sua ausência são noites em claro

Vem noite! absorve os raios luminosos que mando em ti
Que chegue logo a hora entre o ocaso e o nascer do sol

Bate relógio! faça-me bela das dezoito às seis
Transforme-se nesse horário em que as pessoas descansam
Porque eu quero é ficar acordada ao seu lado

Faça-me como o amor
Negra e cega

*******

Eu quero a vida noturna
Quero encontros sem furo
Corpos no escuro

29.6.05

28.6.05


Chupadas*


Calma gente... rs.
O assunto é propaganda.

*Uma "chupada" é quando um anúncio é muito parecido com algum outro.

27.6.05

Ele conheceu uma mulher casada.
Fingiu ser irresistível.
A mulher sentiu se desejada.
Fingiu ser a mais bela delas.
O marido descobriu de imediato.
Fingiu ser muito macho.
Pegou a mulher e o amante no ato.
Fingiu ser invencível.
Deixou o amante desesperado.
Fingiu que era invisível.
Saiu de fininho pela porta.
Mulher disse que pouco importa.
Tinha medo de ser morta.
Marido certificou-se que ninguém mais sabia.
Cada um foi embora em seu carro.
Fingiram que esqueceram.
Viveram.

Smith


não é lindo??

25.6.05

O amor é filme

Vontade de viver grandes histórias,
uma vida totalmente baseada na fantasia,
na fábula e na fé.
Sem precisar de provas e, mesmo assim,
ser cheia de certezas.
Crer em verdades malucas,
habitar o mundo da lua.
Quero ganhar o papel de melhor coadjuvante
na vida de muita gente
e ganhar como melhor atriz da minha.
Quebrar tudo.
Roubar pedacinhos de vocês e montar um ser fabuloso.

Quero ser!

E, no fim dessa palavra, ter uma grande história para contar.
Querem fazer parte dela?


FILME
Google images

24.6.05

“Toto, I’ve got a feeling we’re not in Kansas anymore”

“May the Force be with you”

“We’ll always have Paris”

“I see dead people”

“As God is my witness, I’ll never be hungry again”

Essas e muitas outras mais nas 100 Melhores Frases do Cinema Americano. Dica do Nemo, um blog muito bom.
Divirtam-se

Para
desenhar

Para brincar

Para os garotos

22.6.05

Roubado

Não resisto. Aí vai um texto do meu escritor favorito:

Pedro Rahal

Foi num final de tarde especial que conheci o rio da Praia de Jeribucaçu/ Itacaré.Rio de ritmo tranquilo, pacífico. Harmonia e compasso com o palpitar do tempo e a respiração do mundo.

Sou fácil, não me envergonho. Entrego-me com facilidade à beleza de um lugar, mas entendo que nem mesmo um desalmado resistiria àquele apaixonante espetáculo. O sol coloria o rio de uma maravilhosa tonalidade cuja existência e beleza é reservada ao entardecer. O vento não se sentia, embora sua presença fosse nítida - talvez contemplasse silenciosamente o todo, ou então, hipótese talvez mais provável, somente intrigava-se diante da encantadora nitidez dos contornos que sua ausência conferia aos reflexos apaixonantemente pintados nas águas. A lua já despontara no céu e também se fazia presente no generoso rio.

Mas quando contemplar é insuficiente, pouco resta a não ser a verdadeira entrega aos impulsos. Afoito, mergulhei-me no silêncio de um mergulho, desferi longas e lentas braçadas e, por fim, bebi com voracidade daquelas águas de cor ferruginosa e sabor de vida. Olhei demoradamente para o céu. Tornei a olhar para as águas, mas já não eram as mesmas. Nem eu o era...

Os reflexos pertenciam agora ao tempo e decerto voltariam, mas por ora não estavam lá. Por entre as revoltas águas, suas entranhas - meus pés, paus, peixes e pedras. Pedro... De meus olhos, água salgada. Da alma, a bonita alegria de compreender e viver a sutil diferença que há entre sentir a natureza e sentir-se natureza...

21.6.05

Rabiscos

Desenho

Desenho1

20.6.05

Love story

Odernou para o motorista do ônibus:
- Siga aquele carro!

O motorista ignorou o pedido.
Mais uma história de amor havia se perdido.
I want to go back to Bahia

Bahia2

Bahia

Bahia5
Foto: Pedro Rahal

Bahia7
Foto: Tissa Martins

Bahia4

19.6.05

A primeira pedra

Aquela cidade não conhecia este tipo de pecado.
O homem morreu apedrejado.
Violência

Invejava profundamente os alcoólatras nos bares.
Pelo menos eles tinham alguma coisa em que botar a culpa.


16.6.05

Brasileiro

Foi anunciado o fim do mundo.
Os amantes se reuniram, desesperados.
Nunca outra noite teve beijos mais apaixonados.
Ele esperava o fim sozinho, na rua.
De repente era manhã e lá estava ele, no mesmo lugar.
Acordou aterrorizado.
Tinha medo mesmo era do amanhã.
Musical


15.6.05

Maleta preta

Praça de alimentação. Um dos lugares com a pior acústica do universo: gritaria e risos de estudantes, fofocas de madames e um som ao vivo de matar. Somente os amantes falavam baixo naquele lugar. Ele estava sentado e finalmente comia, apressado. Seu horário de almoço era corrido e estava cheio de compromissos. Nesses shoppings muito lotados, costuma-se dividir mesas. Ele detestava essa necessidade, principalmente quando cotovelos de estranhos o tocavam. Passava seus contados vinte minutos com o mantra: por favor ninguém sente aqui, por favor ninguém sente aqui, por favor ninguém sente aqui.
- Posso me sentar aqui?
Perguntou um velho de terno. Cabelos muito pretos e oleosos. Cordão, pulseira e um dente de ouro. Maleta na mão.
- Claro.
O velho sentou-se. Ficou olhando para ele. Os olhos imploravam por conversação. Ele não olhou. Comeu concentrado no prato, como um peão.
- Você se importa de olhar a minha mala por um minuto?
Na verdade ele se importava. Um minuto era uma fração importante do seu almoço.
- Absolutamente.
E lá se foi o velho. E ali estava: uma mala preta a sua frente. E 10 minutos se passaram. E mais cinco. Seis, sete, oito, nove, dez. E nada do homem. E ali estava a mala.
- Tic, tac, tic, tac.
Larga a mão de ser imbecil, não tem uma bomba aí dentro, pensou. Vou embora, não tenho nada a ver com esse homem e tô atrasado. Pô mas é um velho. Começou a transpirar e a procurar pelo homem com o olhar. Nada. Não queria se importar, mas não era bem uma preocupação, era mais curiosidade. Sua vida passava tão rápido mas tão devagar. Seria bom ter alguma história pra contar.
- Essa mala é sua meu filho?
Perguntou uma velha. Maquiada, bem vestida e com o cabelo ralo preso num penteado extravagante.
De onde veio essa velha, pensou.
- Não é não senhora, estou olhando ela para um senhor. Estou muito atrasado e preciso ir embora, a senhora o conhece?
A velha sorriu e foi embora.
Putamerda que situação que é essa? e que sorriso sinistro foi esse? o que fazem esses velhos no shopping? e que mala é essa? essa velha me deu arrepios. Sempre tive medo de velhas. Essa mala começou a feder. E se tiver alguma coisa morta dentro? E esse barulho de relógio? Essa mala vai explodir. E se eu morrer não vai ter história pra eu contar. E se estiver cheia de dinheiro? Esses velhos estão muito arrumados, devem sem ricos. E se eu fugir com a mala? Mas e se eles tiverem seguranças? Aí eles me prendem. E se for uma pegadinha? Vou preso de todo jeito, roubo é roubo, na televisão ou não. Não posso ir pra cadeia, sou bonito demais. Vão querer me desvirginar e eu não vou deixar. Vou acabar morrendo. Essa mala vai me matar de qualquer jeito.
- Muito obrigada.
Disse o velho, interrompendo seus pensamentos.
- Desculpa esse meu velho, filho. Ele tentou ir ao banheiro e acabou se perdendo. Acontece sempre.
Disse a velha sorrindo amorosamente e dando um beijo no velho.
Entregou a mala para o simpático casal e foi embora pro trabalho.

Preferia ter morrido.

14.6.05

recomendo

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Trailer aqui.
Sensibilidade

Sonhava que seu filho virasse um artista.
Nada de médico, engenheiro ou advogado.
Tinha que ser artista.

Batia no menino todos os dias.
Tem coisas que só o olho que chora consegue enxergar.
Amor



para o anônimo.

10.6.05

Microconto

Era insubstituível.
O cemitério está cheio de homens como ele.
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guanabara

guanabara1

7.6.05

Inocência

Uma amiga minha estava com a sua sobrinha de cinco anos no estacionamento de um shopping. Assim que minha amiga tenta tirar o carro, bate na pilastra. A sobrinha olha para ela e, com muita calma, diz:

- Pode ficar tranqüila tia. Se depender de mim eu não conto pra ninguém.
Dançando na luz

domingomenina3

domingomenina2

Até ela me ver :-(

domingomenina1

6.6.05

Luck

Andava sempre com uma pata de coelho.
Jogava na loteria com a pata de coelho.
Perambulava pelas ruas com a pata de coelho.
Assaltou um banco com a pata de coelho.
Levou três tiros com ela na mão.
Estava morto.
Assim como o coelho.

5.6.05

Domingo na praça

domingo

domingofamilia1

domingofamilia2

4.6.05

Uma homenagem aos manos

LH1

LH2

LH3

3.6.05

Doze

Observava seus movimentos.
A graça das mãos e dos braços.
A pressa para falar.
O fôlego antes da risada.
Ficava em frente ao espelho tentando imitar.
Não tinha nada mais difícil do que fazer pensando o que ela fazia sem pensar.
Fim de semana

2.6.05

Blue

Não gostava do marido.
Não era bem um não gostar: simplesmente não sentia.
Não queria beijos e abraços.
Não gostava de jóias, nem roupas, nem sapatos.
Não sorria no cinema.
Não tinha orgulho dos filhos prodígios.
Enfiou uma faca no peito.
Não era por nada não.
Era só para garantir se ainda estava viva.

1.6.05

To be

Sua namorada sempre foi a mais bonita.
Nunca havia lhe traído.
O mérito não era grande: amava-a.
Insistia em ser um homem perfeito.
Nada de futebol ou cerveja.
Só flores, presentes, surpresas.
Um namorado sem defeito.
Pediu-a em casamento.
Na noite de núpcias enfim relaxou.
Roncou.
Ela sentiu que ali era o começo do fim.